Wednesday, March 30, 2011

Quando a Arte vira Rock, Parte CLXI



Anita Rée, self portrait, 1915, e Justine Frischmann, vocalista e guitarrista do Elastica.

Tuesday, March 22, 2011

Quando a Arte vira Rock, Parte CLX



"Banhista Sem Braço", de Aristide Maillol, 1921, e o cantor de rap Eminem.

Saturday, March 19, 2011

Quando a Arte vira Rock, Parte CLIX


"Coco", de Auguste Renoir, 1908, e Liam Gallagher, vocalista do Oasis.

Saturday, March 05, 2011

Wedding Dress



Calma. Deixa explicar. Seguinte: isso é um bobblehead. O homem. Quer dizer, o Mark Lanegan. Que mais parece o Stephen Malkmus, não? Bom, é um boneco cabeçudo de resina, com os pés colados em uma plataforminha. Tá, é ridículo, eu sei, não precisa ficar me lembrando. Já basta minha mãe. Eu vi em um show, vendendo. Primeiro eu ri. Depois fiz pouco. "Ter isso seria o cúmulo da indignidade". Aí, enquanto o Lanegan cantava no palco, a sábia voz da consciência entoou seu mantra na minha cachola sem juízo. "Vocênãovaicomprarvocênãovaicomprarvocênãovaicomprar...". E eu não comprei.
Naquela noite.
Loja virtual, porque você existe, hein? Enfim. Ele chegou em casa, a diarista me zoou, guardei na gaveta dos vestidos que não amassam. Tive medo de colocar na estante de livros. Vai que quebra. E eu não consigo dormir com gente me olhando.
Eu sou maluca por bonecas. Bonecas tipo mocinhas, não bebês. As mais lindas da face da Terra são verdadeiras obras de arte: Marina Bychkova leva nove meses para montar uma joia assim. Quer uma? É só vender o carro e pagar. A russa mete a faca. Mas os chineses, graçasaDeus, não. Então não resisti e adotei essa noivinha meiga aí de cima. Tirei Lanegan doll do castigo, catei a capa do I Feel Alright, vinil do Mike Johnson, e fiz uma montagem indie-pobre inspirada nos casais de bonecos da Bychkova.
Foto com tema. Wedding Dress. É a terceira faixa de Bubblegum, último disco solo do Lanegan. Esse álbum foi gravado entre 2003 e 2004, quando ele estava se divorciando da Wendy Rae Fowler. A ex é atriz e cantora. Canta bem pra burro aliás. Faz uns anos ela soltou umas músicas na web, por uma banda/projeto/pseudônimo, ou sei lá, chamado Katie Cruel. Não dá para ouvir a lindaça "Hollow" e não lembrar (dos bons tempos) da PJ Harvey. Atualmente a moça é metade da dupla We Fell to Earth. Pois bem, parece que o fim do casamento foi iniciativa dela. Cansou do vício do marido, das farras com os amigos, da ausência prolongada do lar. Segundo consta, Lanegão ficou MAL. Bem mal. Wedding Dress é um pedaço amargo da dor-de-cotovelo de Mark Lanegan. Um esforço desajeitado e meio patético de consertar aquilo que já se sabe inconsertável. Um apelo alcoolizado do cara que liga no meio da madrugada, implorando para ser aceito de volta. Uma tentativa tardia de arrancar o "sim" de uma boca que, exausta de tanto perguntar, se recusa agora a responder. Eu adoro Wedding Dress. Porque a letra exagerada, esbarrando na cafonice e ironia, é carregada por aquela irresistível melodia blues rock que o Lanegan faz à perfeição. Porque a voz dele atinge o tom exato de constrangimento, dor contida, medo da solidão iminente e inevitável. Porque é um dueto melancólico. E absurdamente sexy, do primeiro ao último segundo. Porque é uma música pouco executada em shows, já que exige uma parceira - nem sempre à mão - no palco. Porque a versão de estúdio torna tudo mais penoso: é a própria voz da Wendy, delicada, se confundindo à mágoa de um Lanegan que arrisca tudo por uma última chance..."the end could be soon, we'd better rent a room, so you can love me...". Porque a versão ao vivo, com a voz da bonita Shelley Brien, resultou no vídeo de maior tensão sexual entre um homem e uma garota. Lado a lado no palco, os dois mal se olham. Mas, de uma forma indizível, se entendem por completo.


Sem mais, Wedding Dress. Enjoy.

Would you put on that long white gown
And burn like there's no more tomorrows?
Will you walk with me underground
And forgive all my sicknesses and my sorrows?
Will you be shamed if I shake like I'm dyin'
When I fall to my knees and I'm crying?
Will you visit me where my body rests?
Will you put on that long white dress?
Ba dadada, da, badadadada dadada
Ba dadada, da, badadada
The end could be soon, we'd better rent a room
So you can love me
Will you put on that long white dress
While I burn when there's no more tomorrows?
Will you remember me through the years I'll miss
And forget all the sadnesses and the sorrows?
Ba dadada, da, badadadada dadada
Ba dadada, da, badadada
We got buried in the fever
Now you love me
Get a room, so you can love me