Thursday, May 31, 2007

Quando a Arte vira Rock, Parte LXXXIII



"Portrait of a Young Man" (1.506), de Albrecht Dürer, e o cantor Bob Dylan.

Tuesday, May 29, 2007

Quando a Arte vira Rock, Parte LXXXII




"Cabeça de João Batista", de Giovanni Bellini, e Angus Young, guitarrista do AC/DC.

Saturday, May 26, 2007

Quando a Arte vira Rock, Parte LXXXI



"The fire", de Giuseppe Arcimboldo, e o cantor Billy Idol.

Wednesday, May 23, 2007

Quando a Arte vira Rock, Parte LXXX




"Mrs. Francis Stanton Blake", de Chester Harding, e Meg White, baterista do White Stripes.

Saturday, May 19, 2007

Quando a Arte vira Rock, Parte LXXIX



"The Barbershop Quartet" (detalhe), de Norman Rockwell, e Mick Jones, vocalista e guitarrista do Clash.






Thursday, May 17, 2007

Quando a Arte vira Rock, Parte LXXVIII



"Charley Toorop 1927", de Jan Toorop, e Nick Valensi, guitarrista do Strokes.

Monday, May 14, 2007

Quando a Arte vira Rock, Parte LXXVII



"The prayer", de Camille Claudel, e Debbie Harry, vocalista do Blondie.

Saturday, May 12, 2007

Quando a Arte vira Rock, Parte LXXVI



Estátua de Andreas Schlüter e o cantor David Bowie.

Wednesday, May 09, 2007

Quando a Arte vira Rock, Parte LXXV



"At the seaside", de James Tissot, e Kristin Hersh, ex-vocalista e ex-guitarrista do Throwing Muses.

Monday, May 07, 2007

Quando a Arte vira Rock, Parte LXXIV



"Molière", de Jean-Antoine Houdon, e Chris Cornell, ex-vocalista do Soundgarden e Audioslave.

Tuesday, May 01, 2007

Her Chemical Romances







"A corpse in the park/Her husband, her tutor/Glow in the dark/The fame of the future/The story was told/She's gone where the gods live/Carbon to gold/She's radioactive/Radioactive/Sound of the atoms cracking/Signs in the radium tracking/Our goddess Marie Curie/Marie Curie" ("The ballad of Marie Curie", Army of Lovers).


Em 1911, quando, durante conferência realizada na cidade de Bruxelas, a cientista Marie Curie recebeu telegrama da Comissão do Nobel anunciando que ela, pela segunda vez, era ganhadora do prêmio,...o impacto da boa notícia durou poucos segundos. Quase simultaneamente, um segundo telegrama foi entregue para a polonesa radicada na França. Informava que Jeanne Langevin havia levado à imprensa as cartas secretas que Marie escrevera para Paul Langevin. Jeanne e Paul eram casados. Humilhada, Marie caiu em depressão. Mais uma vez.
Marya Salomee Sklodowska nasceu em Varsóvia, no ano de 1867. Filha de um humilde professor de ciências, freqüentou a escola com o incentivo da família. Adolescente, já pretendia dedicar sua vida à Ciência. Sonhava cursar a Universidade de Sorbonne, em Paris. Mas precisava de dinheiro. Então, aos dezoito anos, se empregou como governanta na casa de uma família polonesa. Foi só conhecer o filho mais velho dos patrões....e a mocinha se apaixonou pela primeira vez! O primeiro namorado! Mas deu tudo errado. Os pais do rapaz se revoltaram ao saber que a candidata a nora era a pobre governanta. Sem coragem de enfrentar a família, o moço deu um pé na bunda da estudiosa Marya. A jovem futura vencedora, por duas vezes, do Prêmio Nobel, sofreu sua primeira decepção amorosa. Tornou-se deprimida, mal-humorada, insegura. E chegou a revelar para uma de suas irmãs, por carta: "caí numa melancolia sombria. Sou excepcionalmente infeliz nesse mundo". Nada mais exagerado. Nada mais...emo.
"Emo" vem de "emotional". Pra quem não sabe (e a ignorância, no caso, é benéfica), "emo" é um estilo muito comentado hoje em dia. Estilo de música, derivado do hardcore. Estilo fashion (roupas escuras, cabelo caindo sobre os olhos, maquiagem unissex - espécie de góticos modernos). E estilo de personalidade e atitude. Emo que é emo padece. É sensível, angustiado, chora os tubos, teve o coração partido e, por isso, jura que quer partir dessa para uma melhor. A filosofia emo está nas letras e melodias de várias músicas compostas por bandas de rock...que negam ser emo (mas são). Algumas, bem comerciais, como "My Chemical Romance", "Dashboard Confessional", "Fall Out Boy". E a sofrida (mas não sofrível) "Sunny Day Real Estate" é uma legítima representante do emo alternativo...
Pois então. Marie Curie iniciou sua carreira de "emo girl" na Polônia, frustrada com o fora dado pelo covarde filhinho-de-papai. Ela pediu suas contas e largou o emprego. Com ajuda de seus parentes, finalmente conseguiu viajar para Paris, matricular-se na prestigiosa faculdade (sob o nome "Marie", o equivalente francês de Marya) e alugar um quartinho gelado em um cortiço. Sozinha, estrangeira, morando em bairro de má fama e tentando se formar em uma profissão considerada masculina (na época, apenas o magistério e a enfermagem eram bem vistos como trabalhos para uma moça)...Marie foi alvo de preconceitos e do desinteresse dos rapazes. Obstinada, era a primeira da classe e conseguiu se diplomar em Física. E, após anos de coração dilacerado por conta do namoro fracassado, conheceu Pierre Curie. O cientista logo se apaixonou pela bela polonesa, reconhecendo sua inteligência e a paixão que compartilhavam, a paixão pela Ciência. Casaram-se por insistência dele, pois Curie, emo girl, ainda se lembrava do abalo afetivo anteriormente sofrido. Tiveram duas filhas e tornaram-se parceiros na pesquisa científica sobre os fenômenos da radiação. Ele projetou os avançados equipamentos que viabilizavam as experiências de Marie em seu laboratoriozinho. Graças ao trabalho conjunto, descobriram a radioatividade, sua origem como propriedade do átomo e sua capacidade para ser medida. Em 1903, o casal ganhou o Prêmio Nobel de Física pela descoberta. Pela primeira vez na História, uma mulher recebia um Nobel.
Mas...em 1906 Pierre morreu tragicamente. Foi atropelado e esmagado por uma carroça. Marie desmontou e retornou aos dias de angústia e escuridão. Nunca mais mostrou sinais de alegria, tornou-se fria com as filhas (embora não se descuidasse do sustento delas), fechou-se em uma concha e confessava ao falecido marido, por cartas, como estava emocionalmente arrasada.
Contudo, apesar da desgraça, Marie ainda iria penar por causa de mais um homem. Viúva, passou a trabalhar com o cientista Paul Langevin, cinco anos mais novo. Devido ao contato habitual, Langevin e Marie ficaram próximos, e o cientista logo admitiu que seu casamento não ia bem. Marie se apaixonou e iniciaram um caso. Só que a relação atingiu contornos dramáticos. Marie mandou cartas emo para Paul, dizendo expressamente que como ela estava arriscando sua reputação para manter o relacionamento, ele não poderia engravidar a esposa, pois seria uma afronta! Até ameaçou suicidar-se!
Relações emo-obsessivas nunca terminam bem. A mulher de Langevin furtou as cartas do marido e descobriu o caso. Jurou Marie de morte, caso ela não deixasse a França. E vingou-se da rival justo no dia em que Marie ganhou seu segundo Prêmio Nobel, dessa vez em Química, por ter isolado os elementos rádio e polônio. As cartas apaixonadas de Marie foram divulgadas em jornais, a cientista foi criticada, execrada, teve a casa apedrejada. Pela terceira vez, por causa de um homem, Marie sofreu um colapso nervoso, caiu em depressão, emagreceu, planejou a própria morte.
Ironicamente, Marie Curie não morreu de amor. Morreu, em 1934, devido ao resultado do trabalho de uma vida, que a tornou reconhecida e que tanto contribuiu para o tratamento de doentes com câncer. A exposição contínua à radiação provocou deterioração de seus órgãos e ossos (uma vez descoberto o elemento rádio, foram anos até que fosse notada a sua periculosidade. Enquanto isso, sais de rádio eram acrescentados a cremes de beleza, tônicos anti-queda para cabelos, bebidas....as pessoas acreditavam nas propriedades curativas do rádio. A casa dos Curie foi completamente contaminada. Documentos históricos pertencentes ao casal estão hoje lacrados em caixas de chumbo).
Marie Curie foi a cientista mais famosa e brilhante da História. E a mais emo também.