Tuesday, November 28, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XLVI



"Beethoven Frieze: the Hostile Powers" (detalhe), de Gustav Klimt, e Cristina Martinez, vocalista do Boss Hog.

Sunday, November 26, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XLV



"Medusa", de Caravaggio, e Pete Doherty, vocalista do Babyshambles.

Wednesday, November 22, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XLIV




"Beethoven", de Schnorr von Carolsfeld, e o cantor Morrissey

Sunday, November 19, 2006

This is Radio Clash



"How fast we burn/How fast we cry/The more we learn/The more die/I hear the planet crying now" ("Teen Angst", M83).

"Você estará segura na Índia, lá eles não matam vacas".
Há cerca de dez anos, esse foi o recado afetuoso que estudantes da caótica Belgrado, na Sérvia, mandaram para Mira Markovic. Mira, em viagem ao exterior, era a então esposa de Slobodan Milosevic, o homem que esfarelou a Iugoslávia.
Final dos anos 80. O Leste europeu comemorava a queda do Muro de Berlim e a perspectiva de uma nova vida diante da abertura política, econômica e cultural. Em Belgrado, capital da Sérvia e da Iugoslávia, a animação era geral. A Iugoslávia havia sido o país menos fechado da Cortina de Ferro. Reflexo da política de abertura semiliberal adotada pelo Marechal Tito, fundador do país. Enquanto em cidades como Budapeste e Praga a cultura pop só floresceu a partir de 1989, os jovens de Belgrado já usavam calças Levi´s e colecionavam a discografia completa do Sex Pistols. Iugoslavos tinham dinheiro (emprestado do Ocidente, mas tinham) e trânsito permitido para férias em outros países. Assim, o fim do Comunismo sinalizava o progresso de um povo já familiarizado com os ares do Oeste. Belgrado, bom lugar para se viver, gozava de potencial para se tornar metrópole definitivamente cosmopolita, como Paris ou Londres.
Mera ilusão. Slobodan Milosevic, burocrata do antigo regime, era presidente da República da Sérvia e cultivava ambições de governar toda a Iugoslávia. Graças a alianças políticas acertadas, o poder de Milosevic cresceu. O presidente conseguiu o controle estatal da rede de televisão. Manipulando a imprensa, fez apologia do nacionalismo sérvio e convocou a população para a guerra de conquista. Era o começo do fim da liberdade em Belgrado.
Mas, em 1989, não foram somente as mudanças políticas que marcaram a Sérvia. Nascia também a Rádio B92, com a proposta de unir jornalismo informativo e apolítico a rock independente de vanguarda. Veran Matic, o editor-chefe, reuniu equipe de DJs e jornalistas para produzir jornalismo que contasse a verdade sobre um país às portas da desintegração, levando ao ar entrevistas com pessoas até então marginalizadas e menosprezadas pelo sistema: junkies, prostitutas e figuras assíduas do "Akademija" ("Academia"), buraco escuro de Belgrado onde rolava o melhor punk rock importado e se apresentavam bandas alternativas locais. A transmissão jornalística era pontuada pelos últimos lançamentos de Sonic Youth, Nirvana, Primal Scream.
Estourou a guerra. Aos jovens sérvios restaram poucas alternativas: a convocação para o Exército, a deserção (muitos deixaram o país) ou a resistência em uma cidade que, perplexa, via se diluir o sonho da "primavera de Belgrado". Belgrado afundou nas trevas. Desprotegida, caiu nas mãos dos traficantes e contrabandistas, que impuseram até mesmo um novo estilo musical, o horrendo turbo-folk, mix de hip-hop de péssima qualidade com ritmos sérvios. Era a música da ditadura. Os índices inflacionários estouraram; em janeiro de 1994, 313.563.558% ao mês. O dinheiro não valia mais nada. Sérvios, reféns de uma TV que servia aos interesses de Milosevic, não tinham idéia do que acontecia em seus quintais. Coube portanto a Veran Matic e à brava B92 liderar o protesto e alertar o povo acerca dos abusos cometidos pelo político-ditador. Quando o governo aumentou impostos sobre produtos voltados a recém-nascidos, Matic convocou centenas de mães a tomarem seus filhos no colo e acamparem diante da mansão de Milosevic. Bastou uma noite inteira ao som do choro conjunto de uma verdadeira brigada de bebês para que Milosevic repensasse a medida. Ao perceber a força da B92, o regime censurou sua cobertura jornalística. A voz da revolta então ganhou a voz de Joe Strummer, Keith Flint e outros: DJs elaboraram o playlist da indignação, mesclando "White Riot", do Clash, as músicas explosivas do Public Enemy e as faixas de "Music For The Jilted Generation", do Prodigy, banda de techno-punk que também baixou em Belgrado para um show, um dos pouquíssimos durante o período de turbulência política. Soldados e policiais sérvios não compreendiam a língua inglesa, mas os universitários entenderam e aderiram ao movimento contra a ordem estabelecida. Por duas vezes, a B92 foi fechada. Mas não foi calada. Afinal, pela primeira vez, a Internet desempenhava papel decisivo em tempos bélicos, levando a verdade à população e à mídia internacional. Veran Matic conseguiu chamar a atenção de organizações humanitárias internacionais sobre a relevância da B92 como única fonte de informação e cultura em uma cidade sufocada pela loucura de um déspota. Incentivando passeatas pacíficas e até mesmo bem humoradas, baseadas na cultura pop e em personagens da política (ousadas ao abraçar bonecos do Pernalonga, Smurfs a um gigante de Milosevic), a rádio se manteve até o final da guerra, sem corromper seus ideais. Em 2000, Milosevic caiu. Morreu no tribunal de Haia antes de ser julgado pela prática de genocídio.
"Rádio Guerrilha - Rock e Resistência em Belgrado" ("This is Serbia Calling: rock´n roll radio and Belgrade´s underground resistence"), do jornalista londrino Matthew Collin, é o livraço que narra a história emocionante da B92. E o relato vai muito além das deliciosas referências ao rock alternativo. É Geopolítica pura. História recente e final da ex-Iugoslávia e da primeira grande tragédia depois do final da Guerra Fria.
Se você mora em São Paulo e curte rock alternativo, com certeza vai se identificar com o livro. O cenário desolador descrito pelos jovens moradores de Belgrado, salientando o caos, a corrupção, a violência, a política suja....bem lembram uma certa metrópole brasileira. O clube "Akademija", citado por jornalistas e saudosistas dos anos 80, evoca um parentesco distante com o lendário "Madame Satã". E os programas irreverentes, desbocados e destemidos da B92....têm o mesmo espírito corajoso e desafiante do nosso Garagem, programa de música independente que já passou pela rádio Brasil 2000 e pelo UOL (e que agora deu um tempo, mas voltará. Né, Paulão!?). Matic comandou a reação contra o "establishment" político e cultural. O símbolo da estagnação e do atraso era o turbo-folk. Em Sampa, Paulo César Martin, André Barcinski e Álvaro Pereira Júnior lutaram contra o "establishment" representado por uma MPB ditatorial que há décadas se divorciou da genuína cultura popular, das ruas. A B92 existe até hoje. Dá pra ouvir (www.b92.net). No site do Garagem há diversos programas arquivados (www.garagem.net). Ouvindo qualquer um deles, quem não conhece o programa pode descobrir que brasileiro seria o vilão equivalente a Slobodan Milosevic. Ouvindo o Garagem ou pesquisando no livro de registro de nascimentos, cartório civil, da baiana Santo Amaro da Purificação...

Saturday, November 18, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XLIII

"Joana D´Arc", de Ary Scheffer, e Gillian Gilbert, ex-tecladista do New Order.

Thursday, November 16, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XLII



"Beethoven", de J. W. Mahler, e Johnny Rotten, vocalista do Sex Pistols.

Saturday, November 11, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XLI



"Selbst als Transvestit", de Walter Jacob, e a cantora Nina Hagen.

Friday, November 10, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XL




"The Balcony" (detalhe), de Edouard Manet, e a cantora Peaches.

Thursday, November 09, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XXXIX



"Victor Chocquet", Paul Cézanne, e Wayne Coyne, vocalista do Flaming Lips.

Sunday, November 05, 2006

Rivais



O distinto cavalheiro da fotografia é, pasmem, David Bowie.
Irreconhecível. David Bowie, cantor, também encara uns bicos como ator. E seu personagem mais recente é esse mostrado na foto, o inventor Nikola Tesla, que aparece no filme de Chris Nolan, "O Grande Truque". "O Grande Truque" tem seu charme (e David Bowie, perfeito, rouba a cena), embora eu não tenha gostado do final. História: a rivalidade entre dois jovens mágicos no final do século XIX. O filme está em cartaz. O curioso é que o próprio "O Grande Truque" tem um rival: logo rolará a estréia de "O Ilusionista", filme cujo enredo também conta as aventuras de um mágico há mais de cem anos.
Nikola Tesla não é uma ficção. Ele existiu mesmo. Foi um dos cientistas mais importantes da História. E talvez o mais azarado. Incrível que o nome dele seja tão pouco mencionado no meio leigo. Injustamente, o croata Tesla sempre é ofuscado por outro grande nome: Thomas Edison. Famoso cientista....e grande rival de Tesla.
Sei disso graças a um livraço: "Rivalidades Produtivas" ("Acid Tongues and Tranquil Dreamers"), do britânico Michael White. Michael White, jornalista científico, foi membro de uma banda pop, Thompson Twins (também nunca ouvi falar). Mas talvez seja por isso que o autor tenha uma redação tão descolada: explica com clareza conceitos de Ciência, seu texto é leve, irônico, não cansa nunca. No livro há oito capítulos. Cada um dedicado a contar a história emocionante de uma rivalidade científica. Porque, segundo Michael White, "segundos inventores não têm importância". Os grandes gênios têm consciência dessa sentença. Então o livro revela até que ponto crânios da Ciência e prêmios Nobel são propensos a fofocas, intrigas, conflitos de personalidade e...puxadas de tapete para eliminar a concorrência. Os casos são cronológicos: o primeiro, "Isaac Newton X Leibniz"; o oitavo e último, "Bill Gates X Larry Ellison". O quarto e emocionante capítulo, batizado de "A Batalha das Correntes", narra a rivalidade - e o ódio - entre Nikola Tesla e Thomas Edison.
Thomas Edison foi um calhorda. Tudo bem, ele inventou mesmo o fonógrafo (ou seja, Edison foi o primeiro a se ligar de que a música, até então só executada ao vivo, podia ser "armazenada" em disco. Ele é o pai do CD. Amém). Mas Thomas Edison também deu uma tremenda bola fora: seu projeto para o processo de criação da iluminação doméstica em larga escala - ambição também de Tesla - era inviável. Thomas Edison era defensor da "corrente contínua", forma de eletricidade que, para ser distribuída, exigiria que cada prédio, cada casa, tivesse um gerador próprio. O sistema rival - desenvolvido por Nikola Tesla - não sofria as mesmas restrições: a "corrente alternada" podia ser transportada por longas distâncias a partir da estação de energia, dispensando um gerador em cada imóvel. É o método usado hoje, no mundo inteiro.
Thomas Edison, mesquinho e invejoso, percebeu que Tesla estava correto. E engatou uma campanha na mídia para falsamente informar à população que o sistema de "corrente alternada" era perigoso. As idéias de Nikola Tesla foram acolhidas e salvas pelo empresário George Westinghouse. Homem de visão - e com dinheiro no bolso - Westinghouse financiou uma contra-campanha para esclarecer o povo e neutralizar a difamação de Thomas Edison. Foi bem sucedido....e convenceu o ingênuo Tesla a vender os direitos sobre as patentes de sua invenção. Nikola Tesla iluminou o planeta. Em troca, recebeu a ninharia de 216.000 dólares, que ele torrou em outras pesquisas científicas. Pagamento fechado, sem direitos a "royalties" posteriores. Nikola Tesla, no século XIX, foi mais genial do que Bill Gates. E infinitamente mais pobre. Foi esquecido pela comunidade científica e morreu aos 87 anos em um quarto de hotel, cercado por pombos.
Dia 25 de novembro, sábado, rola show do Bravery em São Paulo. E daí? Daí que o Bravery é a grande banda rival....do Killers. Pra quem não sabe - tipo....Cazetta, Bourgogne, Guilherme...né meninos! - Killers e Bravery faziam o mesmo tipo de som, rock e pose que buscam referências em bandas dos anos 80, como Duran Duran. Quando lançaram seus primeiros CDs, há cerca de dois anos, as bandas dividiram opiniões. A maioria virou fã do Killers, Bravery foi considerado inferior. Também achava. Achava. Até....assistir ao show do Bravery em Barcelona! Tudo de bom! Os meninos são talentosos porque, no palco, as músicas do disco ganham consistência, novos arranjos, outro andamento. Eles são espantosamente melhores ao vivo. Já o Killers....lançou um segundo CD farofa, este ano. O Bravery lançará CD novo em 2007. Então vamos conferir. Porque em termos de rivalidade, vale para o Rock o lema da Ciência: na memória histórica, não há espaço para segundos lugares.

Friday, November 03, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XXXVIII




"Judith II", de Gustav Klimt, e Siouxsie, vocalista do Siouxsie & The Banshees.

Quando a Arte vira Rock, Parte XXXVII



Egon Schiele, Self-Portrait, e Sid Vicious, baixista do Sex Pistols.