Friday, December 29, 2006

Futuristas





"Perfection Mekanik/Aero Dynamik/Materiel et Technik/Aero Dynamik/Condition et Physik/Aero Dynamik/Position et Taktik/Aero Dynamik" ("Aero Dynamik", Kraftwerk).
Luigi Russolo, Carlo Carrà, Filippo Tommaso Marinette, Umberto Boccioni e Gino Severini. Os cinco homens de preto na fotografia. Três pintores e dois poetas italianos que, já na primeira década do século passado, inauguraram o Futurismo. Movimento cultural de exaltação à modernidade, ciência, tecnologia e velocidade como as novas formas de beleza plástica e literária. Carros, trens, fábricas como alvos de interesse da Arte. Os futuristas abominavam a arte tradicional, rudimentar. Desdenhavam a nostalgia. Na Pintura, criticavam a estática das obras: quadros e esculturas deveriam captar o movimento real, registrar a velocidade de figuras e objetos no espaço. Tal ideologia foi bem retratada na tela "Dinamismo de um ciclista", de Boccioni. Na Literatura, pregava-se a destruição das bibliotecas. A agressividade do Futurismo e sua ânsia por uma Itália avançada sugeriam simpatia ao Fascismo. O Cubismo esteve presente nas obras dos pintores futuristas. Mas o Futurismo foi além e incorporou os conceitos de dinamismo e simultaneidade: formas e espaços que se movem ao mesmo tempo e em direções contrárias. Carlo Carrà, por exemplo, elaborou o esboço de Ritmo dos Objetos e Trens. O movimento futurista determinou sua importância por se revelar influente. Inspirou o Futurismo na Rússia (que teve papel na Revolução Bolchevique de 1917). Foi assimilado pelos artistas brasileiros destacados na Semana de Arte Moderna de 1922. Anos e anos depois, foi responsável pelas primeiras narrativas de ficção científica (a estética futurista aparece em "Blade Runner", de Philip K. Dick). Sem Futurismo, não nasceria o Cyberpunk. A Música não ficou imune. Obviamente, o Futurismo se uniu ao Rock.
O Futurismo foi precursor do punk. Karen Pinkus, professora de italiano, frânces e literatura da University of Southern California, redigiu o bacaníssimo "Futurism: Proto-Punk?" (tem na Internet: http://creativetechnology.salford.ac.uk/fuchs/modules/input_output/Futurism/ProtoPunk.htm), onde compara as semelhanças dos dois movimentos. Os egos de Filippo Marinetti, líder do Futurismo, e de Malcolm McLaren, produtor do Sex Pistols e New York Dolls, seriam igualmente inflados. As performances artísticas do Futurismo eram tumultuadas como um show punk: objetos atirados na platéia, aparições da polícia. Gravatas estreitas e cabelos curtos arrepiados seriam estilo futurista adotado pelos punks. E tanto representantes do Futurismo como do punk sofreram mortes trágicas. Diversos futuristas não voltaram da guerra. Boccioni -defensor da velocidade na Arte - ironicamente morreu ao cair de um cavalo em disparada. Na música, Sid Vicious se matou depois de assassinar a namorada, Nancy.
E o Futurismo foi mais longe. Motivou, na Alemanha, a formação da primeira banda de música eletrônica: o Kraftwerk. Ralf Hütter e Florian Esleben uniram-se no final da década de 60 e fundaram o "Organisation", grupo que se exibiu em galerias de arte, universidades e clubes. Já no início dos anos 70, passaram a se apresentar como Kraftwerk - banda à qual iriam aderir Wolfgang Flür e Karl Bartos - e lançaram o primeiro disco.
O futuristas italianos foram cruciais para o Kraftwerk. O Futurismo imprimiu sua marca no visual da banda (homogêneo, adepto dos uniformes. E a identidade de roupas percebe-se nas duas fotografias), no visual dos shows e grafismos das capas dos discos (sempre enfatizando meios de transporte em movimento e a paixão pela dinânimica das bicicletas - Boccioni e os alemães compartilharam a mesma fascinação pelo ciclismo), no nome do grupo, nos títulos dos discos e músicas ("Kraftwerk" significa "usina"; discos foram batizados de "Autobahn", "Radioactivity", "Trans Europe Express", "The Man Machine", "Computer World" e "Tour de France" - esse último, uma referência à famosa corrida de bicicletas; os demais, alusões à velocidade e relevância das máquinas) e, logicamente, no som (completamente metálico - até nos vocais, que inauguraram o "speech-singing style" - produzido por sintetizadores, teclados, bateria eletrônica). A paternidade da música eletrônica é creditada ao Kraftwerk. Industrial, dance, house, electro, techno...todos os gêneros têm sua matriz na banda alemã. E se hoje você curte e dança música eletrônica, é porque há quase cem anos os senhores alinhados da fotografia antiga tiveram a grande sacada: a máquina deveria servir não apenas ao Homem. Mas também à Arte.

Saturday, December 23, 2006

Mercadante é Pop



Aloizio Mercadante e Borat
Feliz Natal!!!

Friday, December 22, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XLIX



Escultura de Andrea Verrocchio e Pete Townshend, vocalista e guitarrista do The Who.

Tuesday, December 19, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XLVIII



"Portrait of a Young Man", de Simon Vouet, e Brian Molko, vocalista do Placebo.

Saturday, December 16, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XLVII



"Marie Laurencin", Self-Portrait, e Kazu Makino, vocalista do "Blonde Redhead".

Friday, December 08, 2006

...and You Will Know Them by the Trail of Dead



"A Drink Before The War" é música da pálida e ex-careca Sinead O´Connor. A expressão "Darkness, Take My Hand" remete a uma canção de Elvis Presley. "Sacred" desponta como a faixa número 4 do álbum "Music for Masses", do Depeche Mode. A banda punk "Gone, Baby, Gone" formou-se em Boston, EUA. Um dos hinos mais desesperados do The Cure é "Prayers For Rain".
Mas não só. "A Drink Before The War", "Darkness, Take My Hand", "Sacred", "Gone, Baby, Gone" e "Prayers For Rain" são os cinco títulos que compõem a eletrizante série de "crime fiction" criada por Dennis Lehane. Não são filmes, e sim livros, todos lançados no Brasil (embora "Gone, Baby, Gone", o filme, chegue aos cinemas o ano que vem). E Dennis Lehane - natural da mesma cidade de "Gone, Baby, Gone", o grupo de rock - é escritor que, ao lado do compatriota George Pelecanos, do britânico Mark Billingham e do italiano Carlo Lucarelli, faz parte de uma turma de jovens autores que poderia ser batizada de "Os Nick Hornby do Crime".
Você se lembra de Rob Fleming, personagem trintão viciado em música pop, herói do mais famoso livro de Hornby, "Alta Fidelidade"? Pois imagine que Rob Fleming fechou sua lojinha de discos, comprou uma pistola e ingressou na Polícia. Ou abriu um escritório de investigações particulares. Patrick Kenzie, Nick Stefanos e Thom Thorne são, respectivamente, os Rob Fleming de Dennis Lehane, George Pelecanos e Mark Billingham. Protagonistas paranóicos em desvendar a identidade de homicidas, mas sempre buscando alento para suportar os horrores da profissão no álcool, cigarro (seguindo a melhor tradição da literatura "noir" de Chandler e Hammet) e...rock. Thom Thorne, o investigador inventado por Mark Billingham, apaga as luzes de seu apartamento e conta com a ajuda de Massive Attack e Johnny Cash para encaixar as peças dos intrincados quebra-cabeças que representam mortes violentas ocorridas em Londres. Patrick Kenzie, de Lehane, odeia Morrissey. Em "Gone, Baby, Gone" tem ímpetos de socar um coitado que se atreve a tocar "How Soon is Now" na sua presença. Fã de rock progressivo, é apaixonado por Angela Gennaro, sua sócia. A detetive adora indie rock, para desgosto de Kenzie. Dentro do carro usado para as investigações, o casal toma café em copos descartáveis e destila comentários ácidos sobre suas divergentes preferências musicais, enquanto vigia a entrada do prédio onde mora o suspeito. Nick Stefanos, de Pelecanos, se embrenha nos bares escuros e marginais de Washington, à procura de testemunhas e de música que valha a pena. A única exceção vem do italiano Carlo Lucarelli. Sua personagem principal - uma policial que trabalha em Bolonha - não tem afinidades com o pop rock. Mas o serial killer de "Almost Blue" é puro punk. Skinhead, esquizofrênico e atormentado por vozes ilusórias desde a infância, o assassino necessita de música vinte quatro horas por dia. Música demente o bastante para encobrir a voz que o atormenta e para instigar a carnificina. AC/DC e, principalmente, Nine Inch Nails berram nos fones que o rapaz permanentemente mantém nos ouvidos.
Lehane, Pelecanos, Billingham e Lucarelli são, como suas criaturas, apaixonados por música. Lucarelli é vocalista da banda de pós-punk Progetto K. Dennis Lehane, em entrevista, revelou que precisou ouvir Clash e Moby para reunir motivação enquanto escrevia as passagens mais tira-fôlego do sensacional "Sobre Meninos e Lobos" ("Mistic River", filmado por Clint Eastwood). George Pelecanos posta em seu site a relação dos shows a que assiste (ele comenta a performance de Karen O, dos Yeah, Yeah, Yeahs, que viu ao vivo também esse ano) e das músicas que rolam em seu I-Pod (Death Cab For Cutie, Arctic Monkeys, Mark Lanegan, Stooges, entre outros). E é também Pelecanos que atribui à música a responsabilidade por sua carreira de escritor: "punk rock itself conviced me to try and become a writer; if those untrained, unwashed amateurs could pick up guitars and make vital music, then why couldn´t I, equally, untrained and unwashed, write a book?". Que a música, Pelecanos e seus contemporâneos também sirvam de inspiração para futuros autores. Como você. Por que não?

Friday, December 01, 2006

Delacroix & Killing Joke


"Mark out the points/Build the pyre/Assemble different drummers/Light up the fire/Put on your masks/And animal skins/Illumination, illumination/Listen to the drums/Between each beat, each beat of the drum/O beloved mother of liberty/Hold me in your arms" ("The Death and Resurrection Show", Killing Joke & Dave Grohl).

Tuesday, November 28, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XLVI



"Beethoven Frieze: the Hostile Powers" (detalhe), de Gustav Klimt, e Cristina Martinez, vocalista do Boss Hog.

Sunday, November 26, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XLV



"Medusa", de Caravaggio, e Pete Doherty, vocalista do Babyshambles.

Wednesday, November 22, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XLIV




"Beethoven", de Schnorr von Carolsfeld, e o cantor Morrissey

Sunday, November 19, 2006

This is Radio Clash



"How fast we burn/How fast we cry/The more we learn/The more die/I hear the planet crying now" ("Teen Angst", M83).

"Você estará segura na Índia, lá eles não matam vacas".
Há cerca de dez anos, esse foi o recado afetuoso que estudantes da caótica Belgrado, na Sérvia, mandaram para Mira Markovic. Mira, em viagem ao exterior, era a então esposa de Slobodan Milosevic, o homem que esfarelou a Iugoslávia.
Final dos anos 80. O Leste europeu comemorava a queda do Muro de Berlim e a perspectiva de uma nova vida diante da abertura política, econômica e cultural. Em Belgrado, capital da Sérvia e da Iugoslávia, a animação era geral. A Iugoslávia havia sido o país menos fechado da Cortina de Ferro. Reflexo da política de abertura semiliberal adotada pelo Marechal Tito, fundador do país. Enquanto em cidades como Budapeste e Praga a cultura pop só floresceu a partir de 1989, os jovens de Belgrado já usavam calças Levi´s e colecionavam a discografia completa do Sex Pistols. Iugoslavos tinham dinheiro (emprestado do Ocidente, mas tinham) e trânsito permitido para férias em outros países. Assim, o fim do Comunismo sinalizava o progresso de um povo já familiarizado com os ares do Oeste. Belgrado, bom lugar para se viver, gozava de potencial para se tornar metrópole definitivamente cosmopolita, como Paris ou Londres.
Mera ilusão. Slobodan Milosevic, burocrata do antigo regime, era presidente da República da Sérvia e cultivava ambições de governar toda a Iugoslávia. Graças a alianças políticas acertadas, o poder de Milosevic cresceu. O presidente conseguiu o controle estatal da rede de televisão. Manipulando a imprensa, fez apologia do nacionalismo sérvio e convocou a população para a guerra de conquista. Era o começo do fim da liberdade em Belgrado.
Mas, em 1989, não foram somente as mudanças políticas que marcaram a Sérvia. Nascia também a Rádio B92, com a proposta de unir jornalismo informativo e apolítico a rock independente de vanguarda. Veran Matic, o editor-chefe, reuniu equipe de DJs e jornalistas para produzir jornalismo que contasse a verdade sobre um país às portas da desintegração, levando ao ar entrevistas com pessoas até então marginalizadas e menosprezadas pelo sistema: junkies, prostitutas e figuras assíduas do "Akademija" ("Academia"), buraco escuro de Belgrado onde rolava o melhor punk rock importado e se apresentavam bandas alternativas locais. A transmissão jornalística era pontuada pelos últimos lançamentos de Sonic Youth, Nirvana, Primal Scream.
Estourou a guerra. Aos jovens sérvios restaram poucas alternativas: a convocação para o Exército, a deserção (muitos deixaram o país) ou a resistência em uma cidade que, perplexa, via se diluir o sonho da "primavera de Belgrado". Belgrado afundou nas trevas. Desprotegida, caiu nas mãos dos traficantes e contrabandistas, que impuseram até mesmo um novo estilo musical, o horrendo turbo-folk, mix de hip-hop de péssima qualidade com ritmos sérvios. Era a música da ditadura. Os índices inflacionários estouraram; em janeiro de 1994, 313.563.558% ao mês. O dinheiro não valia mais nada. Sérvios, reféns de uma TV que servia aos interesses de Milosevic, não tinham idéia do que acontecia em seus quintais. Coube portanto a Veran Matic e à brava B92 liderar o protesto e alertar o povo acerca dos abusos cometidos pelo político-ditador. Quando o governo aumentou impostos sobre produtos voltados a recém-nascidos, Matic convocou centenas de mães a tomarem seus filhos no colo e acamparem diante da mansão de Milosevic. Bastou uma noite inteira ao som do choro conjunto de uma verdadeira brigada de bebês para que Milosevic repensasse a medida. Ao perceber a força da B92, o regime censurou sua cobertura jornalística. A voz da revolta então ganhou a voz de Joe Strummer, Keith Flint e outros: DJs elaboraram o playlist da indignação, mesclando "White Riot", do Clash, as músicas explosivas do Public Enemy e as faixas de "Music For The Jilted Generation", do Prodigy, banda de techno-punk que também baixou em Belgrado para um show, um dos pouquíssimos durante o período de turbulência política. Soldados e policiais sérvios não compreendiam a língua inglesa, mas os universitários entenderam e aderiram ao movimento contra a ordem estabelecida. Por duas vezes, a B92 foi fechada. Mas não foi calada. Afinal, pela primeira vez, a Internet desempenhava papel decisivo em tempos bélicos, levando a verdade à população e à mídia internacional. Veran Matic conseguiu chamar a atenção de organizações humanitárias internacionais sobre a relevância da B92 como única fonte de informação e cultura em uma cidade sufocada pela loucura de um déspota. Incentivando passeatas pacíficas e até mesmo bem humoradas, baseadas na cultura pop e em personagens da política (ousadas ao abraçar bonecos do Pernalonga, Smurfs a um gigante de Milosevic), a rádio se manteve até o final da guerra, sem corromper seus ideais. Em 2000, Milosevic caiu. Morreu no tribunal de Haia antes de ser julgado pela prática de genocídio.
"Rádio Guerrilha - Rock e Resistência em Belgrado" ("This is Serbia Calling: rock´n roll radio and Belgrade´s underground resistence"), do jornalista londrino Matthew Collin, é o livraço que narra a história emocionante da B92. E o relato vai muito além das deliciosas referências ao rock alternativo. É Geopolítica pura. História recente e final da ex-Iugoslávia e da primeira grande tragédia depois do final da Guerra Fria.
Se você mora em São Paulo e curte rock alternativo, com certeza vai se identificar com o livro. O cenário desolador descrito pelos jovens moradores de Belgrado, salientando o caos, a corrupção, a violência, a política suja....bem lembram uma certa metrópole brasileira. O clube "Akademija", citado por jornalistas e saudosistas dos anos 80, evoca um parentesco distante com o lendário "Madame Satã". E os programas irreverentes, desbocados e destemidos da B92....têm o mesmo espírito corajoso e desafiante do nosso Garagem, programa de música independente que já passou pela rádio Brasil 2000 e pelo UOL (e que agora deu um tempo, mas voltará. Né, Paulão!?). Matic comandou a reação contra o "establishment" político e cultural. O símbolo da estagnação e do atraso era o turbo-folk. Em Sampa, Paulo César Martin, André Barcinski e Álvaro Pereira Júnior lutaram contra o "establishment" representado por uma MPB ditatorial que há décadas se divorciou da genuína cultura popular, das ruas. A B92 existe até hoje. Dá pra ouvir (www.b92.net). No site do Garagem há diversos programas arquivados (www.garagem.net). Ouvindo qualquer um deles, quem não conhece o programa pode descobrir que brasileiro seria o vilão equivalente a Slobodan Milosevic. Ouvindo o Garagem ou pesquisando no livro de registro de nascimentos, cartório civil, da baiana Santo Amaro da Purificação...

Saturday, November 18, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XLIII

"Joana D´Arc", de Ary Scheffer, e Gillian Gilbert, ex-tecladista do New Order.

Thursday, November 16, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XLII



"Beethoven", de J. W. Mahler, e Johnny Rotten, vocalista do Sex Pistols.

Saturday, November 11, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XLI



"Selbst als Transvestit", de Walter Jacob, e a cantora Nina Hagen.

Friday, November 10, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XL




"The Balcony" (detalhe), de Edouard Manet, e a cantora Peaches.

Thursday, November 09, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XXXIX



"Victor Chocquet", Paul Cézanne, e Wayne Coyne, vocalista do Flaming Lips.

Sunday, November 05, 2006

Rivais



O distinto cavalheiro da fotografia é, pasmem, David Bowie.
Irreconhecível. David Bowie, cantor, também encara uns bicos como ator. E seu personagem mais recente é esse mostrado na foto, o inventor Nikola Tesla, que aparece no filme de Chris Nolan, "O Grande Truque". "O Grande Truque" tem seu charme (e David Bowie, perfeito, rouba a cena), embora eu não tenha gostado do final. História: a rivalidade entre dois jovens mágicos no final do século XIX. O filme está em cartaz. O curioso é que o próprio "O Grande Truque" tem um rival: logo rolará a estréia de "O Ilusionista", filme cujo enredo também conta as aventuras de um mágico há mais de cem anos.
Nikola Tesla não é uma ficção. Ele existiu mesmo. Foi um dos cientistas mais importantes da História. E talvez o mais azarado. Incrível que o nome dele seja tão pouco mencionado no meio leigo. Injustamente, o croata Tesla sempre é ofuscado por outro grande nome: Thomas Edison. Famoso cientista....e grande rival de Tesla.
Sei disso graças a um livraço: "Rivalidades Produtivas" ("Acid Tongues and Tranquil Dreamers"), do britânico Michael White. Michael White, jornalista científico, foi membro de uma banda pop, Thompson Twins (também nunca ouvi falar). Mas talvez seja por isso que o autor tenha uma redação tão descolada: explica com clareza conceitos de Ciência, seu texto é leve, irônico, não cansa nunca. No livro há oito capítulos. Cada um dedicado a contar a história emocionante de uma rivalidade científica. Porque, segundo Michael White, "segundos inventores não têm importância". Os grandes gênios têm consciência dessa sentença. Então o livro revela até que ponto crânios da Ciência e prêmios Nobel são propensos a fofocas, intrigas, conflitos de personalidade e...puxadas de tapete para eliminar a concorrência. Os casos são cronológicos: o primeiro, "Isaac Newton X Leibniz"; o oitavo e último, "Bill Gates X Larry Ellison". O quarto e emocionante capítulo, batizado de "A Batalha das Correntes", narra a rivalidade - e o ódio - entre Nikola Tesla e Thomas Edison.
Thomas Edison foi um calhorda. Tudo bem, ele inventou mesmo o fonógrafo (ou seja, Edison foi o primeiro a se ligar de que a música, até então só executada ao vivo, podia ser "armazenada" em disco. Ele é o pai do CD. Amém). Mas Thomas Edison também deu uma tremenda bola fora: seu projeto para o processo de criação da iluminação doméstica em larga escala - ambição também de Tesla - era inviável. Thomas Edison era defensor da "corrente contínua", forma de eletricidade que, para ser distribuída, exigiria que cada prédio, cada casa, tivesse um gerador próprio. O sistema rival - desenvolvido por Nikola Tesla - não sofria as mesmas restrições: a "corrente alternada" podia ser transportada por longas distâncias a partir da estação de energia, dispensando um gerador em cada imóvel. É o método usado hoje, no mundo inteiro.
Thomas Edison, mesquinho e invejoso, percebeu que Tesla estava correto. E engatou uma campanha na mídia para falsamente informar à população que o sistema de "corrente alternada" era perigoso. As idéias de Nikola Tesla foram acolhidas e salvas pelo empresário George Westinghouse. Homem de visão - e com dinheiro no bolso - Westinghouse financiou uma contra-campanha para esclarecer o povo e neutralizar a difamação de Thomas Edison. Foi bem sucedido....e convenceu o ingênuo Tesla a vender os direitos sobre as patentes de sua invenção. Nikola Tesla iluminou o planeta. Em troca, recebeu a ninharia de 216.000 dólares, que ele torrou em outras pesquisas científicas. Pagamento fechado, sem direitos a "royalties" posteriores. Nikola Tesla, no século XIX, foi mais genial do que Bill Gates. E infinitamente mais pobre. Foi esquecido pela comunidade científica e morreu aos 87 anos em um quarto de hotel, cercado por pombos.
Dia 25 de novembro, sábado, rola show do Bravery em São Paulo. E daí? Daí que o Bravery é a grande banda rival....do Killers. Pra quem não sabe - tipo....Cazetta, Bourgogne, Guilherme...né meninos! - Killers e Bravery faziam o mesmo tipo de som, rock e pose que buscam referências em bandas dos anos 80, como Duran Duran. Quando lançaram seus primeiros CDs, há cerca de dois anos, as bandas dividiram opiniões. A maioria virou fã do Killers, Bravery foi considerado inferior. Também achava. Achava. Até....assistir ao show do Bravery em Barcelona! Tudo de bom! Os meninos são talentosos porque, no palco, as músicas do disco ganham consistência, novos arranjos, outro andamento. Eles são espantosamente melhores ao vivo. Já o Killers....lançou um segundo CD farofa, este ano. O Bravery lançará CD novo em 2007. Então vamos conferir. Porque em termos de rivalidade, vale para o Rock o lema da Ciência: na memória histórica, não há espaço para segundos lugares.

Friday, November 03, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XXXVIII




"Judith II", de Gustav Klimt, e Siouxsie, vocalista do Siouxsie & The Banshees.

Quando a Arte vira Rock, Parte XXXVII



Egon Schiele, Self-Portrait, e Sid Vicious, baixista do Sex Pistols.

Monday, October 30, 2006

Guillermo Arriaga



Hoje, aproveitando que o Fórum fechou devido às eleições de ontem, fui ao cinema. Vi "Babel", um dos filmes da Mostra de Cinema de São Paulo. "Babel" é dirigido pelo mexicano Alejandro Gonzáles Iñárritu, que levou o prêmio de melhor diretor em Cannes. É o último filme de uma trilogia. O primeiro foi "Amores Brutos" e o segundo (e mais devastador) é "21 Gramas". Nos três filmes, o acaso - que sempre vem sob a forma de tragédia - une as vidas de pessoas, famílias que nunca se viram antes (fórmula que foi descaradamente copiada em "Crash", vencedor do Oscar desse ano). Três filmes que, dentro de si, misturam tramas paralelas que se confundem e se justificam. A temática principal é sempre a Morte (ou a iminência dela). A Morte determinando as reações e os atos dos vivos, injetando angústia extrema, loucura, egoísmo e crueldade em gente como a gente. Em "Babel", um casal de americanos viaja para o Marrocos para tentar superar uma crise. Lá, ocorre um grave incidente que repercute no cotidiano de duas crianças em San Diego (filhos do par) e de uma governanta mexicana. O inesperado também interfere no destino de marroquinos miseráveis e na vida de uma jovem japonesa que mora em Tokyo. Pessoas que não se conhecem, mas que terão em comum a dor da perda. Brad Pitt interpreta o marido americano. Grisalho, abatido, envelhecido. Convincente (mais por mérito do diretor - que soube explorar muito bem o que o ator podia oferecer - do que por talento do rapaz). Haverá sessões de "Babel" na terça, quarta e quinta. O site da Mostra divulga cinemas e horários.
Bom, toda essa "propaganda" que fiz deve-se.....a Guillermo Arriaga. Guillermo Arriaga é o roteirista de "Babel". Parceiro constante de Iñárritu, também escreveu os roteiros de "Amores Brutos" e de "21 Gramas". Além disso, Arriaga é escritor. Meu escritor preferido (ao lado do Alan Lightman). Ah, e eu sou a leitora preferida dele. É, isso mesmo. Eu sou a leitora preferida do cara. Pelo menos foi o que ele me disse. É uma história esquisita, mas juro que é verdadeira. Em 2003, comprei e li "O Búfalo da Noite", o único romance de Arriaga que foi publicado no Brasil. E adorei. Gostei tanto que passei a procurar informações sobre o autor na Internet. Eu ainda nem tinha visto "Amores Brutos". Gostei do cara exclusivamente como escritor. Encontrei um arquivo de bate-papo no portal Terra espanhol. No fim da conversa, ele divulgava o e-mail dele. Então resolvi mandar uma mensagem, certa de que não daria em nada. Mas deu. Ele respondeu rapidamente! Em espanhol. E o tom da resposta, alegre, informal, mostrava que não se tratava de um assessor se fazendo passar por ele. Simpático, agradeceu por eu ter lido o livro dele, falou que conhecia o Rio de Janeiro, perguntou como eu havia descoberto o e-mail. O tempo passou, veio "21 Gramas" e os dois mexicanos, diretor e roteirista, foram ganhando fama.
Nunca mais escrevi até....ano passado. Estive em Madri e lá comprei o mais recente livro do Guillermo Arriaga, "Retorno 201" (que não foi publicado aqui). Livro sensacional! Então....mandei outro e-mail. Pensando que provavelmente o endereço já tinha mudado. Na minha mensagem, dizia que ele era meu escritor favorito. Mais uma vez.....resposta! E que resposta! Ele falou que estava lisonjeado e que então eu era a leitora preferida dele. Um fofo (embora eu não acredite muito. A leitora predileta dele deve ser uma mexicana...). Conto essa historinha não para me gabar. Apenas para ficar registrado que o sujeito parece ser muito humilde. Conselho: assista a "Babel", um grande filme,....e escreva pra ele! Infelizmente, não tenho mais as mensagens que ele me enviou. Perdi tudo depois que invadiram meu e-mail antigo, o que me levou a deletar a conta. Mas eu não esqueci o endereço dele, que, depois de um ano, talvez ainda seja o mesmo. Acho que não há problema em divulgar, pois catei na própria Internet. É garriga58@yahoo.com. Manda ver. Antes que ele ganhe um Oscar e fique inacessível.

Jean-Honoré Fragonard e Yeah, Yeah, Yeahs


"Pack up; I’m straight; /Enough; /Oh say, say, say; /you'll Oh say, say, say; /you'll Oh say, say, say; /you'll Oh say, say, say; /you'll Oh say, say, say you'll /Wait, they don’t love you like I love you;/Wait, they don’t love you like I love you;/Ma-a-a-a-a-a-a-a-a-a-a-aps;/Wait! They don’t love you like I love you./Made off;/Don’t stray;/Well, my kind’s your kind;/I’ll stay the same!/Pack up;/But Don’t stray;/Oh say, say, say;/I'll Oh say, say, say!/Wait! They don’t love you like I love you;/Wait! They don’t love you like I love you;/Ma-a-a-a-a-a-a-a-a-a-a-aps;/Wait! They don’t love you like I love you!Wait! /They don’t love you like I love you...."("Maps", Yeah, Yeah, Yeahs).

O Tim e o Timor

É tarde pacas. Cheguei em casa há duas horas. Estava no Tim Festival. Eu e Marcinha, sister das antigas. Foram quatro bandas. A primeira - Mombojo, Mombojó, Monjolo ou qualquer outro nome que lembre bangôs e capoeiristas - tomei a sábia decisão de não ver. A segunda, TV On The Radio, era a razão da minha ida ao festival (e do desembolso de exorbitantes R$ 180,00). Bacana, mas é melhor em CD. Yeah, Yeah, Yeahs, a terceira banda, acho um pé. Mas pelo menos foi mais suportável do que ouvir os discos. Por fim, não vi o Daft Punk. Não tenho mais paciência para passar da meia-noite em shows lotadaços, ambientes insalubres.
Ah. Entre TV On The Radio e Yeah, Yeah, Yeahs rolou algo no palco. Chama-se Thievery Corporation. Mas não dá pra denominar aquilo de banda, aquilo de show. Foi um batuque tribal dos infernos. Acho que eles estavam chamando chuva.
Mas enfim. A noite foi salva por Zé Fernando. Zé Fernando foi meu veterano na Faculdade de Direito. Tão veterano que, quando entrei na SanFran, ele já tinha se formado. Mas continuava lá, colando nas festas, presente nas viagens, pegando calouras (não, não eu). Figura. Em um dos intervalos de shows, Zé Fernando, de boné e óculos laranja, avistou a gente e chegou para conversar. Zé e Marcinha tinham um assunto em comum: o...Timor Leste. Zé já esteve lá, Marcinha também. Zé, advogado, a trabalho pela ONU. Marcinha, juíza, a lazer, para passear e mergulhar. É, existe uma pessoa nesse mundo que escolheu o Timor Leste para desfrutar suas merecidas férias. Nunca entendi. Além do Timor, Zé Fernando também trabalhou na República Dominicana e no....Congo! Zé e suas "pérolas" foram a melhor coisa do Tim:
"No Timor, eu trabalhava no gabinete do Presidente. Até o dia em que os guerrilheiros invadiram o palácio. Nós tivemos que fugir pelos fundos e pular o muro pra não levar umas balas, hehe".
"No aeroporto do Congo não existem computadores. Nenhum. Até os bilhetes de viagem são feitos a mão ou em máquinas. A gente desembarca e logo é escoltado por soldados do exército com metralhadoras".
"No Congo não deu pra transar! Um terço da população está com AIDS".
"No Congo, eu passei seis meses trancafiado em uma casa, só com estrangeiros. Era como no Big Brother; depois de um tempo começaram os conflitos. Só que infelizmente ninguém era expulso....".
"Uma vez, no Congo, o segundo cara mais importante da ONU teve a infeliz idéia de dar uma corridinha pelo melhor bairro da Capital. O sujeito foi assaltado. Levaram tudo, tudo. Ele ficou completamente pelado e teve que pedir ajuda em um hotel. Ah, ele foi assaltado pela Guarda Presidencial.....".

Saturday, October 28, 2006

We Heart Prints


http://www.weheartprints.com/

Arte mega contemporânea. Tudo é lindo, dá vontade de pegar. Talvez sejam os Renoir, Picasso, Chagall do século XXI...

The Melancholy Death Of Oyster Boy



"The Melancholy Death Of Oyster Boy & Other Stories" é o livrinho de poesias escrito por Tim Burton, diretor de "Edward Mãos-de-Tesoura", "Peixe Grande", "A Noiva Cadáver". Nem é muito recente; ano que vem faz dez anos. Reúne vinte e três pequenas historinhas rimadas, acompanhadas por desenhos muito simples, de traços infantis. São contos, fábulas fantásticas.
Comprei na livraria do Tate Modern, em Londres. Estava exposto entre outros livros para crianças. Pois bem, "The Melancholy Death..." é cruel até o osso. De certa forma, segue o tema do Patinho Feio: o outsider sozinho que não é aceito pelos amigos, que é estranhado pela família. Só que, no final, as crianças e adolescentes de Tim Burton nunca se transformam em cisnes. E o encanto do livro se justifica bem aí: no modo impiedoso, cínico e maldoso como o autor trata seus personagens: o Menino-Múmia, a Menina-Lixo, A Menina-Cheia-de-Olhos, O Menino-Palito. Mas, entendendo a mensagem, você nota que a perversidade do maluco Tim Burton camufla compreensão, identificação: sempre haverá gente ainda mais esquisita e mais marginalizada do que você, relax. Esopo, La Fontaine e Irmãos Grimm ficariam chocados....
Minhas historinhas preferidas são o Menino Queijo-Briê e o Roy, o Menino-Tóxico:
Brie Boy
Brie Boy had a dream he only had twice,
that his full, round head was only a slice.
The other children never let Brie Boy play....
....but at least he went well with a nice Chardonnay.
Roy, the Toxic Boy
To those us who knew him
- his friends -
we called him Roy.
To others he was known
as that horrible Toxic Boy.
He loved ammonia and asbestos,
and lots of cigarrette smoke.
What he breathed in for air
would make most people choke!
His very favorite toy
was a can of aerosol spray;
he´d sit quietly and shake it, and spray it all day.
He´d stand inside of the garage
in the early-morning frost,
waiting for the car to start
and fill him with exhaust
The one and only time
I ever saw Toxic Boy cry
was when some sodium chloride
got into his eye.
One day for fresh air
they put him in the garden.
His face went deathly pale
and his body began to harden.
The final gasp of his short life
was sickly with despair.
Whoever thought that you could die
from breathing outdoor air?
As Roy´s soul left his body
we all said a silent prayer.
It drifted up to heaven
and left a hole in the ozone layer.

Thursday, October 26, 2006

Chagais



“So you´ll aim toward the sky
And you´ll rise high today
Fly away
Far away
Far from pain”
(Grandaddy)

Qual é o nome?
Acho que ninguém batizou.
Talvez porque sejamos poucos. Será?
Estou falando de nós, admiradores convictos de bandas como Grandaddy, Mercury Rev, Flaming Lips, Secret Machines, Sparklehorse. Ou seja, fãs de gente que, no século XXI, tratou guitarras, baixos, teclados e baterias com tamanha delicadeza e cuidado....que o rock se fundiu às cantigas. De camponeses modernos e caipiras que, sem disfarçar a pronúncia rural, cantam e contam histórias místicas de gigantes apaixonados por sereias, peixes e sapos caídos como chuva do céu, riachos de prata que encerram segredos, princesas enfeitiçadas transformadas em unicórnios, espectros que pairam sobre telhados, aranhas que fiam teias de pérolas. Enfim, de melodias e letras que já compõem um cancioneiro....sem denominação.
Injusto. Só porque já passamos, em nossa maioria, dos trinta anos? Ou porque tais bandas não são blockbusters de mídia como, por exemplo, os representantes da atual geração dos moleques com rímel escorrido pelo choro? Quem é adolescente, está na casa dos 20 ou lota o I-Pod com as lamúrias de grupos como Chemical Romance e congêneres...é emo. E nós? Somos o quê? Se não tem nome, tomo a liberdade de inventar um. Mas deve ser um termo que sirva para identificar todas as bandas "oníricas". Que traga à lembrança algo que seja comum tanto aos veteranos do Sparklehorse como aos caçulas do Secret Machines. Algo....ou alguém. Então, duas pessoas. Dois pintores: Marc Chagall e Odilon Redon. Pois o russo e o francês, já falecidos, se anteciparam ao rock "poeira de estrelas"; rabiscaram, pincelaram e coloriram todas as canções mágicas, sensacionais e sensoriais que seriam criadas a partir do final do século passado por Mercury Rev e companhia. Até então, o rock andava de mãos dadas com a pintura do desespero. "Creeps" rastejantes e vampiros torturados haviam saltado das telas sombrias de William Blake, Goya, Hieronymus Bosch e invadido os pesadelos de Thom Yorke, vocalista do Radiohead, e do príncipe das trevas Trent Reznor, o amargurado Nine Inch Nails. Em contrapartida, as pinturas de Chagall e Redon ganharam identificação com a música de gente que entendeu que a melancolia podia ser leve, etérea e repleta de cores. Chagall saiu na frente do vocalista e compositor Wayne Coyne e ilustrou a história dos apaixonados que flutuam no espaço de “Do you realize?”. Redon acertou no branco faiscante ao pintar os próprios Sparklehorses (quadro aí de cima) e as aranhas artesãs que frequentam as canções iluminadas do Mercury Rev. Chagall, fazendeiro da pequena cidade de Vitebsk, destacou a importância de bichinhos domésticos no cotidiano das vidas que reproduziu em seus quadros. Os mesmos animais que hoje fazem companhia aos personagens entediados que sonham fugir dos cenários desoladores cantados pelo Grandaddy. E as esperanças, memórias e incertezas que borram os sonhos evocados pelo Secret Machines também aparecem borradas pelo giz de cera das telas embaçadas e líricas de Odilon Redon.
Entre Chagall e Redon, prefiro Chagall. Aliás, é meu pintor preferido.
Então serei parcial. No meio de punks, góticos, metaleiros, indies e emos....nós, apaixonados pelos delírios do Flaming Lips, pela mitologia de Mark Linkous, pela poesia folk do Grandaddy, pela guitarra chuviscada do Secret Machines e pelas fábulas cantadas por Jonathan Donahue, somos "chagais".
Pode ser?

Tuesday, October 24, 2006

Rodin & Say Hi To Your Mom

"Young Girl Kissed By a Phantom", de Rodin.


"I think I'll be a good ghost when it's time for me to haunt all the people I knew when I was alive. I'll wear designer sheets as my only ghost clothes and get good scissors to cut the eye holes.
And hey, it'll be nice to be see-through for a while. And hey, it'll be cool to be feather light for a while.
I think I'll be a good ghost when it's time for me to haunt all the people I knew when I was alive. But I wonder if the girl ghosts will know that I'm there. Or if ghosts don't really care ("I Think I´ll be a Good Ghost, Say Hi To Your Mom).

Sunday, October 22, 2006

2046

Essa é para vários:
Você está na metade da sua vida.
Faltam mais quarenta anos.
De qual metade você vai ter se arrependido, em 2046?
Da primeira ou da segunda?
Hein?

Wednesday, October 18, 2006

Marc Chagall e Sparklehorse

"I could look in your face/ For a thousand years/ It’s like a civil war/ Of pain and of cheer/ But if you was a horse/ I could help you with your chains/ I could ride you through the fields/ By your fiery mane/ May your shade be sweet/ And float upon the lakes/ Where the sun will be/ Made of honey/ I grab diamonds, write you a poem/ 'Cause no one here can save you/ She’s returning to the Earth/ But one day she’ll be silver/ Stars are dying in my chest/ Till I see you again/ She was born with the wings of a hawk/ Where she combs her hair with blood/ May your shade be sweet/ And float upon the lakes/ Where the sun will be/ Made of honey/ May your shade be sweet/ And float upon the lakes/ Where the sun will be/ Made of honey/ May your shade be sweet/ May your shade be sweet/ And float upon the lakes...May your shade be sweet." ("Shade and Honey", Sparklehorse)

Monday, October 16, 2006

Quando a Arte vira Rock, Parte XXXVI




Francis Bacon, Self Portrait, e o cantor Johnny Cash.